O que é o mês do orgulho?
O mês do orgulho é um período em que a comunidade LGBTQIA+ celebra suas conquistas e luta por igualdade de direitos e respeito. É um momento de reivindicação e conscientização sobre a importância da diversidade e da inclusão. A data é comemorada mundialmente e homenageia a Revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, marco importante na luta pelos direitos LGBTQIA+.
Introdução:
O mês de junho é marcado pela celebração do Orgulho LGBTQIA+, uma ocasião que visa reconhecer a luta histórica por direitos e respeito da comunidade LGBTQIA+. No entanto, mesmo com avanços significativos em termos de visibilidade e inclusão, ainda existem desafios referentes a LGBTfobia a serem enfrentados. Um desses desafios é a persistência de práticas conhecidas como "cura gay" ou "terapia de conversão", que buscam alterar a orientação sexual de indivíduos LGBTQIA+. Neste texto, vamos discutir a importância de rejeitar tais práticas e promover a aceitação da diversidade, respeitando a identidade de cada um.

O estigma e preconceito enfrentados pela população LGBT +:
A comunidade LGBTQIA+ enfrenta um grande estigma e preconceito em nossa sociedade. Apesar de termos visto melhorias nos últimos anos, ainda há muito trabalho a ser feito para atingir o respeito e aceitação total. Muitas vezes, eles são ridicularizados e marginalizados por sua orientação sexual ou identidade de gênero, o que pode levar a problemas de saúde mental e emocional, além de dificuldades sociais e econômicas.
A discriminação e o preconceito constantes podem levar a um maior risco de desenvolver problemas como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e ideação suicida. A constante exposição a ambientes hostis e desrespeitosos pode causar um impacto significativo na autoestima, autoaceitação e no senso de pertencimento, prejudicando o bem-estar emocional e psicológico dos indivíduos.
Além disso, as violências sofridas pela comunidade LGBTQIA+ podem levar a dificuldades sociais e econômicas. A discriminação no local de trabalho, por exemplo, pode resultar em menor acesso a oportunidades de emprego, promoções e salários justos. Isso pode levar a dificuldades financeiras, maior insegurança econômica e menor qualidade de vida.
A falta de representatividade e inclusão em muitas esferas da sociedade podem reforçar os preconceitos e manter a marginalização. É importante destacar que essas consequências não são inevitáveis e podem ser mitigadas através do apoio, aceitação e promoção da igualdade. Ao criar um ambiente inclusivo, respeitoso e livre de preconceitos, podemos ajudar a reduzir os impactos negativos da discriminação na saúde mental, emocional e no bem-estar geral das pessoas LGBTQIA+.
Os perigos da "cura gay" e terapias de conversão:
Apesar das melhorias vistas nos últimos anos, ainda há muito trabalho a ser feito para que essa população seja totalmente aceita e respeitada. A hostilidade contribui para a criação de um ambiente no qual a busca por "cura gay" ainda encontra espaço. Vale ressaltar que a noção de que a homossexualidade ou qualquer outra orientação sexual não heterossexual é uma doença ou um problema a ser corrigido é profundamente equivocada. Tal ideia desconsidera a natureza intrínseca da orientação sexual e o direito de cada indivíduo de viver autenticamente.
Estudos científicos e organizações de saúde mental têm reiterado que as terapias de conversão não têm embasamento científico e são prejudiciais à saúde mental e emocional das pessoas. Essas práticas estão associadas a altos índices de depressão, ansiedade, ideação suicida e outros danos psicológicos ( Argyriadis et al., 2023; Forsythe et al., 2022;
Alempijevic et al., 2020).
Sendo assim, é papel da psicologia contribuir para o esclarecimento de questões relacionadas à sexualidade humana e permitir a superação de preconceitos e discriminações. De acordo com a Resolução CFP nº 01/99, os psicólogos atuarão de acordo com os princípios éticos da profissão, especialmente aqueles que regem a não discriminação e a promoção do bem-estar das pessoas e da humanidade. Além disso, devem contribuir com seu conhecimento para refletir sobre o preconceito e combater a discriminação e estigmatização daqueles que fazem parte da comunidade LGBTQIA+.
É importante ressaltar que os psicólogos não devem promover a patologização da homossexualidade, nem adotar ações coercitivas com o intuito de orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. Além disso, psicólogos não devem colaborar com eventos e serviços que propõem tratamento e cura das homossexualidades. Toda atuação da psicologia deve partir do princípio básico de que orientações sexuais que fogem a heterosexualidade não são doenças, distúrbios e nem perversões.
Promovendo a aceitação e respeito à diversidade sexual

A promoção da aceitação e respeito à diversidade sexual é fundamental para a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa. A diversidade sexual inclui pessoas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, queer, intersexo e outras identidades fora da heterocisnormatividade. Para promover a aceitação e respeito à diversidade sexual, algumas ações podem ser tomadas:
Educação: educar a sociedade sobre a variedade de identidades e orientações sexuais e reconhecer que todas elas são válidas e merecem ser respeitadas.
Sensibilização: campanhas de sensibilização sobre a importância de respeitar as diferenças podem ser promovidas em espaços públicos, como ruas, praças e transportes.
Diálogo: é importante que haja diálogo entre familiares, amigos e colegas de trabalho para diminuir preconceitos e estereótipos.
Políticas públicas: a promoção de políticas públicas que garantam a proteção dos direitos das pessoas LGBT+, como a criminalização da LGBTfobia e a promoção da diversidade nas empresas.
Acesso à informação e recursos: é necessário garantir o acesso à informação e recursos que possam ajudar as pessoas LGBT+ a lidar com a discriminação e violência, como linhas de apoio e serviços de saúde mental.
Incentivar a empatia e o respeito mútuo: Permitindo com que as pessoas se coloquem no lugar do outro e valorizem suas diferenças. Isso ajuda a criar um ambiente de respeito e tolerância, onde as pessoas são reconhecidas pelo que são, independentemente de sua origem étnica, gênero, orientação sexual, religião ou qualquer outra característica.
importância do Mês do Orgulho LGBT +:
Dia 28 de junho celebramos o dia internacional do orgulho LGBT +. O dia do orgulho é celebrado em todo o mundo para lembrar os eventos de junho de 1969, quando um episódio de violência policial no bar Stonewall Inn, em Nova York, inspirou os membros da comunidade LGBT + a se organizarem em combate à violência, a discriminação e a opressão. Desde então, o mês de junho é um momento para celebrar a diversidade e a inclusão da população LGBTQIA+, bem como refletir sobre as lutas e desafios ainda enfrentados por seus membros. Neste mês, é importante lembrar que o respeito, o amor e a igualdade são direitos básicos que devem ser concedidos a todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Devemos trabalhar juntos para apoiar e defender os direitos das pessoas LGBT +, enquanto continuamos a lutar contra o preconceito e a discriminação em todas as suas formas. É neste sentido que é celebrada a parada do orgulho LGBT. Portanto, neste mês do Orgulho LGBT +, vamos celebrar a diversidade e a inclusão, enquanto continuamos a apoiar e lutar pelos direitos daqueles que ainda enfrentam opressão e discriminação. Vamos honrar aqueles que vieram antes de nós e continuar a trabalhar para criar um mundo mais justo, igualitário e amoroso para todos.
Conclusão:
A prática da “cura gay" vai contra os princípios fundamentais de respeito à diversidade e contra o código de ética dos psicólogos. Sendo assim, é essencial combater práticas que buscam invalidar a orientação sexual das pessoas, reconhecendo o direito de cada indivíduo de viver sua sexualidade. O Mês do Orgulho, é uma oportunidade para refletir sobre a importância de promover a igualdade e celebrar a diversidade. O caminho para uma sociedade mais inclusiva e respeitosa passa por rejeitar qualquer forma de terapia de conversão e apoiar a comunidade LGBTQIA+ em sua busca por aceitação, igualdade e direitos.
Qualquer dúvida, entre em contato com os nossos profissionais!

Referências:
Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 001/99. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf
Argyriadis, Alexandros, Evangelos C. Fradelos, Agathi Argyriadi, Erin Ziegler, and Evridiki Kaba. 2023. "Advancing Access to Quality LGBTQIA+ Health Care: Gender Discrimination, Socio-Cultural, and Mental Health Issues: A Mixed-Method Study" International Journal of Environmental Research and Public Health 20, no. 6: 4767. https://doi.org/10.3390/ijerph20064767
Forsythe A, Pick C, Tremblay G, Malaviya S, Green A, Sandman K. Humanistic and Economic Burden of Conversion Therapy Among LGBTQ Youths in the United States. JAMA Pediatr. 2022;176(5):493–501. doi:10.1001/jamapediatrics.2022.0042
Alempijevic, D., Beriashvili, R., Beynon, J., Birmanns, B., Brasholt, M., Cohen, J., ... & Viera, D. N. (2020). Statement on conversion therapy. Journal of Forensic and Legal Medicine, 72, 101930.
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